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Baixa procura para a realização de mamografias pode agravar casos ainda não identificados
Jornal Tribuna de Leme | 22/10/2023

Baixa procura para a realização de mamografias pode agravar casos ainda não identificados

Baixa procura para a realização de mamografias pode agravar casos ainda não identificados

Desde a introdução da mamografia, a mortalidade por câncer de mama, cujo diagnóstico precoce é fundamental, caiu acentuadamente, sendo reduzida em até 40% em países em que o exame é efetivo e feito com frequência. É, portanto, um método recomendado e extremamente eficaz para o rastreamento da doença. As sociedades da área no país, como o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), inclusive, recomendam que as mulheres façam o exame anualmente a partir dos 40 anos.

Levantamento da SBM, porém, mostra um dado preocupante: somente um quarto das mulheres no Brasil realiza a mamografia. A pesquisa revela ainda que, em 2022, o número de pacientes fazendo este tipo de exame ficou abaixo da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 70% de cobertura nacional. Entretanto, pela primeira vez em dois anos, as estatísticas atingiram os níveis de pré-pandemia de Covid-19, período em que registrou queda de 41%. No Brasil, tanto no SUS quanto na rede privada, o rastreamento é do tipo chamado de oportunístico, ou seja, a procura das mulheres é de forma espontânea, sem convocação. Por isso, também, a baixa cobertura.

Como aconteceu no SUS, o mesmo foi sentido pelo Vera Cruz Medicina Diagnóstica, que possui quatro unidades em Campinas. Sandra Teixeira, médica radiologista, especialista e coordenadora da Imagem da Mama, explica que a retomada foi gradativa, mas que a situação ainda é alarmante, visto que a meta recomendada pela OMS nunca foi atingida em todo o Brasil. “Temos uma preocupação grande, pois o rastreamento mamográfico é fundamental e a falta dele tende a aumentar o número de mulheres com casos mais avançados da doença”, esclarece.

Neste mês dedicado à prevenção e conscientização sobre o câncer de mama, a médica fala de avanços conquistados recentemente. “Além dos programas de rastreamento mamográfico, outros avanços nos últimos anos, tanto no campo diagnóstico quanto no tratamento sistêmico, têm contribuído bastante para a redução da mortalidade. Uso de medicações mais específicas, chamadas terapias-alvo, somadas às técnicas de reconstrução mamária, vem tornando o tratamento menos mutilante, mais efetivo e, dentro do possível, menos agressivo”, adiciona Sandra.

Números e fatos

O câncer de mama é o que mais atinge as mulheres em todo o mundo e, no Brasil, o segundo que mais acomete a população feminina e a principal causa de morte por câncer. A patologia é multifatorial, sendo a idade um dos fatores mais prevalentes: a cada cinco casos, quatro ocorrem em pessoas acima dos 50 anos. Entre outros fatores, há a hereditariedade, mutações genéticas, históricos reprodutivo e hormonal, bem como questões ambientais e comportamentais.

Para o diagnóstico, é importante ter atenção aos sinais do próprio corpo. Um nódulo ou caroço fixo, na maioria das vezes indolor, é a principal manifestação clínica. Outros sintomas são: pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito; pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço; e a saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos. “O autoexame mamário não é recomendado como rastreamento, pois não reduz a morbimortalidade pela doença, mas é muito importante para se criar uma consciência corporal. Muitas pacientes relatam que não sabem ou acham difícil palpar. E isso é verdade, às vezes, até mesmo para um profissional experiente. No entanto, quando realizado rotineiramente, a mulher passa a conhecer seu corpo e pode perceber pequenas alterações logo no início, procurando atendimento médico o quanto antes. Isso tende a minimizar casos de doença localmente avançada, com lesões volumosas, alterações e até ulcerações na pele e na papila”, acrescenta a médica.

Fonte: Vera Cruz Hospital