DIAGNÓSTICO DO AUTISMO EM ADULTOS É MAIS COMPLICADO
O Brasil tem uma grande ausência de dados atualizados sobre o autismo, os últimos são de 2010 e feitos pela ONU - Organização das Nações Unidas. Nos Estados Unidos, o CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças apontava estimativa que uma em cada 36 crianças com menos de 8 anos possui a condição. Considerando esse estudo, o Brasil teria cerca de 6 milhões de pessoas com o TEA - Transtorno do Espectro Autista. O dia 2 de abril foi instituído pela ONU em 2008 como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e o mês ganha a cor azul para ressaltar a condição.
Um fato que tem chamado atenção ultimamente para o TEA é o diagnóstico tardio, inclusive em famosos. Na criança a gente consegue ver como ela está se desenvolvendo e como o transtorno do espectro autista é um distúrbio de neurodesenvolvimento, pegando no começo, ajuda bastante a reconhecer as alterações. No adulto às vezes temos as características da personalidade da pessoa, além de outros transtornos psiquiátricos, que podem confundir.
Vale ressaltar que a maior descoberta do autismo em adultos se deve ao aumento do conhecimento dos profissionais. Tem se falado mais, suspeitado mais. A maioria de quem hoje é adulto já apresentava esses sintomas desde a infância, porém naquela época, não tínhamos o conhecimento que a gente tem hoje, os estudos, os profissionais e acaba que não foi feito o diagnóstico na infância, mas o transtorno continua prejudicando a vida da pessoa. Agora, felizmente, essas pessoas estão tendo a oportunidade de serem diagnosticadas e tratadas corretamente.
O principal sintoma é a dificuldade de comunicação e de interação social. Lembrando que isso vem da infância. Então um adulto que quando criança interagia, tinha amigos, conseguia ficar ali um local cheio e depois na adolescência ou na idade adulta iniciou essa dificuldade a gente não vai pensar em autismo, vamos analisar outros transtornos. A pessoa com TEA têm dificuldade de fazer amizade, de formar vínculo, a maioria não gosta de estar em locais com muitas pessoas, gosta de ficar mais sozinho, mais isolado, tem a dificuldade de sair da rotina, tem uma rigidez muito grande no que ele planeja, quando sai alguma coisinha diferente fica totalmente descompensada.
O tratamento do TEA em adultos é parecido ao de crianças, mas com menor eficácia. O tratamento do transtorno de espectro autista é basicamente terapias. No adulto a gente também pode fazer as terapias, mas com uma resposta menor. Quanto mais novo começar a terapia, melhor é o resultado. No adulto, geralmente ele já chega com comorbidades, com transtorno de ansiedade, depressão, entre outros. O cérebro dele já está formado. A gente nasce com o cérebro imaturo e ele vai amadurecendo e se formando até os 18 anos, quando passa dessa idade a gente tem pouca oportunidade de mudança. Isso não quer dizer que não deve ser feito o tratamento, as terapias continuam sendo muito importantes, porém quanto antes iniciar, melhor.
Por Lanucy Freita de Lima Maia – Neurologista no Centro Clínico do Órion Complex,em Goiânia
**Imagem ilustrativa de internet